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quinta-feira, 17 de junho de 2010

SOBRE CORPOS ESTRANHOS INTRODUZIDOS NO CURSILHO - (5)

c) Desperdício de carismas e de pessoas: acontece com referência às pessoas
chamadas para trabalhar em Cursilhos. É um desperdício imperdoável não valorizar
devidamente carismas e aptidões daqueles que têm boa vontade e se dispõe a dar seu
tempo a serviço da evangelização. Assim, atribuir-se a excelentes profissionais tarefas
que bem poderiam ser executadas por outras pessoas (quem sabe, até melhor...) chega
a ser um desrespeito aos dons de Deus. Um exemplo? Conheço uma médica com
exemplar testemunho de vida na sua profissão, e que foi designada para, num Cursilho,
servir o cafezinho! Isso enquanto uma pessoa totalmente leiga em medicina, tinha a
missão de “bem-estar”! Os “filhos das trevas” mostrados como exemplo por Jesus,
agiriam dessa forma? Uma empresa que busca otimizar sua produção, aceitaria esse tipo
de comportamento? Nem se diga que o “Espírito Santo é que age”. Sendo isso
absolutamente verdade, é bom lembrar, também, que o Espírito Santo não subscreve
nossos erros e imprudências. Nosso comportamento humano sério e nossa prudência
fundamentada na oração e na Palavra de Deus é que são a inspiração do Espírito numa
situação dessas, pois a inteligência foi-nos dada por Ele e nossas atitudes são por Ele
inspiradas. Desde que sejamos, também, racionais e competentes.
d) Desperdício de recursos emocionais: existe uma enorme desproporção entre o
tempo empregado preparando inutilidades do acidental para provocar impactos
emocionais e o tempo em preparar o essencial que é o conteúdo e a vivência da
Mensagem bem como o acompanhamento no Pós-Cursilho. Emoção propositalmente
provocada ou exagerada não rima com opção fundamental. Nem com decisão para um
novo projeto de vida. Compreende-se que a emoção possa até ser uma conseqüência da
opção. Nunca, porém, sua causa. Espírito conturbado pode colocar, pelo menos
momentaneamente, a razão fora de controle. Coração acelerado e descompassado é
coração descompensado. Disso tenho experiência física que, às vezes, me atinge
duramente. A causa é uma arritmia atrial. Sei, portanto, quanto custa uma
descompensação! Cabeça tumultuada é cabeça desestabilizada. Os discípulos de Emaús
só puderam reconhecer Jesus quando, passado o calor da discussão e o travo da
amargura da decepção, sentaram-se à mesa para partilhar o pão. Ali, não só
reconheceram o Mestre, como tomaram a decisão de ser missionários (foram anunciar
aos outros...) e de fazer Igreja (uniram-se aos que estavam juntos...). O profeta Elias,
depois de longa jornada, chegara ao monte Horeb, esperando que o Senhor se
manifestasse. Então “O Senhor lhe disse: “Sai e permanece no alto da montanha, diante
do Senhor: porque o Senhor vai passar”. Houve diante do Senhor um vento forte e
violento, que raspava as montanhas e fendia os rochedos; mas o Senhor não estava no
vento. Após o vento houve um terremoto; o Senhor não estava no terremoto. Depois do
terremoto, houve um fogo; no Senhor não estava no fogo. E depois do fogo, o sussurrar
de um sopro tênue. Então, ouvindo-o, Elias velou o rosto com o manto; saiu e postou-se à
entrada da caverna. Uma voz dirigiu-se a ele: “Por que estás aqui, Elias?” (1 Rs 19,
11-13). A voz do Senhor fez-se ouvir no sussurrar da brisa e na maciez do vento. Não no
tumulto dos raios e da tempestade! Fácil de se entender. Fácil de tirar conclusões em
nosso caso!
4. Concluindo: lágrimas que brotam de emoção intensa são insuficientes para lavar o
homem velho. O homem novo vai surgir de uma cirurgia radical: deixar-se transplantar o
coração. Em lugar de um coração de pedra” receberá, pelas mãos de Deus, um “coração
de carne”, um “espírito novo” [cf Ez 36, 26-27]. Mais do que uma confissão quase sempre
apressada e mal entendida, o que se pretende é que o cursilhista refaça seu projeto de
vida. Abandonar o fazer por fazer ou fazer porque todos os demais fizeram. Superar
aquela idéia de que não está “convertido” alguém que, durante um Cursilho, não se
confessar! Ainda que para muitos a emoção possa aparecer como um componente
significativo no caminho da volta para a casa paterna, o que conta, de verdade, é a
decisão radical (ou, na linguagem teológica, opção totalizante) depois de se tomar
consciência da miséria e do distanciamento do coração do Pai. O filho pródigo primeiro
sentiu no estômago o fato de estar longe de casa. Teve saudade do pão dos
empregados. Depois decidiu com a razão: "levantar-me-ei e irei a meu Pai...”. Andou
muitas milhas, voltou em definitivo. Ai sim pode-se imaginar a emoção que dele tomou
conta ao abraçar o pai, ao entrar de novo na casa da família, ao sentar-se à mesa com os
irmãos, ao partilhar o pão... Então a emoção pode explodir e permear legitimamente
aqueles momentos de alegria indescritível pela volta, pelo perdão, pelo acolhimento, pela
ternura do abraço e pelo reencontro definitivo! Emoção brotada da Palavra de Deus,
nascida da vivência do mistério, motivada por um testemunho atual de vida dos
responsáveis pelo Cursilho que fazem a narrativa honesta de suas reações inspiradas no
Evangelho diante dos desafios de nossa cultura pós-moderna, esse gênero de emoção
vale a pena!
Pe. José Gilberto Beraldo
Assessor Nacional MCC

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