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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Amigo inseparável de JPII fala sobre os 40 anos ao lado do Papa

Foram quase 40 anos de estreita convivência com João Paulo II (Karol Wojtyla) - 12 em Cracóvia, na Polônia, e mais 27 em Roma, na Itália.

Stanislaw Dziwisz queria que os últimos momentos ao lado do Papa durassem até o infinito: "Era a última vez que eu via seu rosto... Sim, é claro, depois eu o reveria tantas outras vezes, a cada hora, cada dia. Eu o reveria com os olhos da fé. E naturalmente o reveria com os olhos do coração, da memória. Assim como continuaria a sentir sua presença, mesmo se de uma maneira diferente daquela à qual estava habituado. Por sorte, me vieram ajudar aquelas palavras: 'Meu Deus, que o rosto dele veja agora Teu rosto paterno, que o rosto dele que nos foi subtraído contemple a Tua beleza'".

Dziwisz foi nada mais, nada menos que o secretário particular do Bispo de Roma durante seus quase 27 anos de pontificado. Mais que assessorar a agenda e compromissos, Dziwisz teve a chance de partilhar a vida com seu conterrâneo polonês, que deu nova envergadura ao papel da Igreja no alvorecer do terceiro milênio. Hoje, Dziwisz é o Cardeal Arcebispo de Cracóvia, ocupando a sede que já foi de responsabilidade do amigo Wojtyla.

A amizade entre os dois é relatada no livro Uma vida com Karol, que recolhe as memórias do secretário e foi lançado no Brasil pela Editora Objetiva. Uma comunhão de almas que começou muitos anos atrás, em terras polonesas, mais precisamente em 8 de outubro de 1966.
Naquela data, o então Arcebispo de Cracóvia, Dom Wojtyla, convocou o jovem sacerdote Stanislaw para ir até o Arcebispado. Com 27 anos, Dziwisz ouviu da boca do pastor da Arquidiocese o convite para ser seu secretário particular:

"Logo que cheguei à sua presença, o arcebispo me olhou fixamente e me disse: 'Virá ficar comigo. Aqui poderá prosseguir os estudos e me ajudará'. Perguntei: 'Quando?'. Respondeu-me: 'Pode vir hoje'. Virou-se na direção da janela e se deu conta de que já era noite: 'Vá até o conselheiro para que ele lhe mostre as acomodações'. E eu: 'Venho amanhã'. Olhou-me sair um pouco curioso, mas percebi que sorria".


A vida com Karol

Stanislaw recorda que o Bispo Wojtyla nunca perdia tempo quando saía para uma visita pastoral em alguma paróquia ou celebração em alguma igreja. No caminho, sempre rezava e meditava. Durante as celebrações das Santas Missas, também procurava evitar ao máximo celebrar sozinho: "Queria ser fiel ao princípio de que a Eucaristia não é celebrada exclusivamente pelo sacerdote, mas junto com o povo de Deus que dela participa: por Cristo e com Cristo", narra o Cardeal Dziwisz.

Ainda quando padre, em meados dos anos 1950, Wojtyla reunia um grupo de universitários do qual era chefe e guia espiritual, mesmo com todos os riscos implicados pelo rígido controle e espionagem comunista. "Era o famoso 'apostolado da excursão', e para não ser notado pela Segurança, vestia roupas civis, e os jovens o chamavam de 'Wujek', tio", conta Stanislaw.

Também durante o período do Concílio Vaticano II o então padre Dziwisz esteve próximo de Wojtyla, que teve especial participação na estruturação da Constituição Pastoral Gaudium et Spes - sobre a Igreja no mundo atual.

À frente da Arquidiocese de Cracóvia, Wojtyla não se poupou a comprar briga com os comunistas. Esses acusaram-no de antipatriótico, devido ao respaldo que deu a uma carta enviada pelo episcopado polonês aos bispos alemães, pedindo o perdão recíproco para se curarem as feridas ainda oriundas da II Guerra Mundial.

Em 1966, durante as cerimônias da grande festa do Milênio, que celebraram o milenar aniversário do "batismo" da Polônia - na pessoa do rei Mieszko I - e da fundação do Estado Nacional, os comunistas também não cederam: buscaram atrapalhar de todas as formas possíveis as celebrações e ofuscar a data através da implantação de outras comemorações.

Também houve a tentativa de implantar intrigas entre Wojtyla e o Primaz da Polônia, o Arcebispo de Varsóvia, Cardeal Stefan Wyszyński, apesar de ambos serem grandes amigos e parceiros na luta por ressaltar as raízes cristãs daquele país europeu. 

Fonte: Canção Nova

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