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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vítima de intolerância visitará novo secretário

 Apesar de toda a atenção dispensada pelo governador Jaques Wagner e por dezenas de entidades, órgãos e segmentos organizados da sociedade, até agora não saiu o resultado da apuração da denuncia de abuso de poder, tortura e intolerância religiosa praticada por policiais militares de Ilhéus contra a mãe de santo e líder comunitária Bernadete Souza. O crime foi praticado em 23 de outubro do ano passado no Assentamento Dom Helder Câmara, no distrito do Banco do Pedro. Além de zombar da religião afro-brasileira, os policiais, segundo denúncia feita por membros do Movimento Negro, teriam algemado a mãe de santo, colocando-a em cima de um formigueiro, arrastando em seguida Bernadete Souza pelos cabelos por cerca de 500 metros, levado para a delegacia numa viatura e colocado a sacerdotisa em uma cela masculina.
            Para dar andamento ao caso e exigir a conclusão da apuração, conforme solicitou o governador Jaques Wagner, a vítima da tortura, acompanhada de representantes entidades e órgãos de defesa dos direitos dos cidadãos, busca uma audiência nos próximos dias com o novo secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, delegado federal Maurício Teles Barbosa, 34 anos. O objetivo é relatar para o novo secretário tudo o que aconteceu, a demora na conclusão da apuração do caso e as providências que foram solicitadas pelo governador Wagner ao secretário anterior, mas que não foram cumpridas.

            Segundo a denúncia, os policiais teria ido ao assentamento alegando que estavam procurando drogas escondidas no local. A ação foi questionada pela coordenadora do assentamento e sacerdotisa (filha de Oxossi) Bernadete Souza, alegando sobre a ilegalidade da presença do pelotão da polícia na área, por estar o assentamento sob uma jurisdição do Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária (INCRA) e, portanto a polícia, sem justificativa e sem mandato judicial, não poderia estar ali. Além disso Bernadete Souza disse que a polícia estava enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil, o que se constitui numa grave violação de direitos humanos.

            Diante deste questionamento, ainda segundo a denúncia, o comandante considerou “desacato a autoridade” e autorizou que Bernadete fosse algemada para ser conduzida à delegacia. Neste momento o orixá Oxossi teria incorporado na sacerdotisa, que algemada foi colocada e mantida pelos PMs. Logo depois, ainda conforme o que foi relato por integrantes do assentamento, a mão de santo foi jogada em cima de um formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas provocando graves lesões, enquanto os policiais gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”.

            Mas os atos de terrorismo, desrespeito e tortura não pararam por aí. Ainda segundo os denunciantes, quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la, um dos policiais apontou a pistola para cabeça da sacerdotisa, ameaçado que se alguém do assentamento se aproximasse ele atirava. Para inibir a reação da comunidade, spray de pimenta foi atirado pela polícia contra os trabalhadores. O desespero tomou conta da comunidade, onde crianças choravam e idosos passavam mal. Enquanto isso, Bernadete Souza, algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida jogada na viatura.

            Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete Souza, ainda incorporada e bastante machucada, foi colocada algemada em uma cela onde havia homens, enquanto policias riam e ironizavam que tinham chicote para afastar “satanás”. Os policiais, em tom de ironia, diziam ainda “que os Sem Terras fossem se queixar ao Governador e ao Presidente”. A delegacia, segundo os relatos, foi trancada para impedir o acesso de pessoas solidárias a Bernadete, enquanto os policias riam do que tinham acabado de fazer, alegando que também tinham agredido outro membro do assentamento que também incorporou um orixá. E como se não bastasse, os policias militares registraram na delegacia que a manifestação dos orixás na sacerdotisa Bernadete se tratava de insanidade mental.
Fonte: a Tribuna

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