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quarta-feira, 17 de março de 2010

O signo do grão de mostarda

Padre Zezinho, SCJ
Cuidado com a Teologia do Sucesso ou com a Teologia de Resultados. Não trabalhe com o objetivo de arrastar multidões. Erraria desde o começo. O Papa Bento XVI, quando ainda cardeal Joseph Ratinger diz isso no livro O Sal da Terra, pg 14-15, Editora Imago:
Nunca imaginei que pudesse, por assim dizer, mudar o rumo da História. E se até Nosso Senhor acaba primeiro na Cruz, vê-se que os caminhos de Deus não conduzem tão depressa a sucessos que se possam avaliar.
Julgo que isso seja de suma importância. Os discípulos fizeram-lhe algumas perguntas tais como : “o que se passa, por que é que nada avança?” E ele respondeu com as parábolas do grão de mostarda, do fermento e com outras semelhantes e disse-lhes que a estatística não era uma das medidas de Deus. Não obstante, acontece com os grãos de mostarda e com o fermento alguma coisa essencial e decisiva que não se pode ver agora.
Nesse sentido penso que se tem de abstrair dos parâmetros quantitativos do sucesso. É que nós não somos uma empresa comercial que pode avaliar em números se faz uma política de sucesso e se vende cada vez mais…
O então cardeal , hoje papa, vai ainda mais longe:
Talvez tenhamos de nos despedir das idéias existentes de uma Igreja de massas. Estamos possivelmente perante uma época diferente e nova da história da Igreja. Nela o cristianismo voltará a estar sob o signo do grão de mostarda, em pequenos grupos, aparentemente sem importância, mas que vivem intensamente contra o Mal e trazem o Bem para o mundo. Deixam Deus entrar! Vejo que há muitos movimentos desse tipo.
E observa:
Não há conversões em massa ao cristianismo, não há uma mudança história paradigmática nem uma virada. Mas existem formas fortes de presença da fé que voltam a dar ânimo, dinamismo e alegria às pessoas: presença da fé que significa alguma coisa para o mundo.
O papa compara a Igreja a um barco experimentado e provado e contudo novo porque renovado. O mundo ainda precisa dele para a travessia. E se ele não existisse teria que ser inventado.
O decantado declínio da Igreja que perdeu para o marketing do mundo dá a entender que o modelo de comunicação do mundo venceu e o da Igreja perdeu. Mas o papa lembra que exatamente nos últimos 60 anos quando a Igreja foi praticamente ignorada pelas políticas do mundo e pela mídia foi esta visão de sucesso mundano que causou tantos colapsos espirituais, econômicos, e abandonos que conhecemos.
O esquema do sucesso pessoal leva a graves cisões e rupturas com a família e com a comunidade. O modelo do sucesso pessoal ou de um grupo sobre o outro expulsa a cooperação e solidariedade e cria fanatismos e fechamentos.
Mais tarde o papa no livro DIO E IL MONDO continuação dessa mesma entrevista Peter Seewald entra no tema ESSENCIALIZAR. Tema que ele aborda também na página 17 do já citado livro o Sal da Terra.
E isto seria anunciar
um Deus no qual se crê de verdade
num Deus que conhece o Homem
num Deus que entra em relação com o Homem
num Deus que é acessível a todos
que se tornou acessível em Cristo
e que faz História conosco
e se tornou tão concreto que fundou uma comunidade.
O perigo do marketing da fé diz o papa é
1-Lançar uma religião contra a outra
2-ou nivelar tudo como se tudo fosse a mesma coisa
Deduzir que as religiões são simplesmente todas iguais e que estão umas para as outras como num grande concerto, numa grande sinfonia, em que todas, afinal, tem o mesmo significado seria errado. Há religiões que tocam desafinado e algumas delas podem tornar mais difícil para o Homem ser bom, porque aceitam ou pregam a vingança ou a violência, o aniquilamento dos outros. ( pg 21)
Aí entramos na comunicação sectária.
Assim como o homem tem capacidade para construir pontes e destruí-las, assim também as religiões. Depende de quem a dirige e de quem prega.
Se usar errado dos símbolos e sinais e ensinar como se fosse o que realmente não é vamos ter cegos guiando outros cegos. Alguém pode estar cego pelas luzes do seu grupo e de tanto holofote em si mesmo não saber para onde está levando seus ouvintes.
O marketing não tem paciência. Diz ainda o papa que faz parte da fé da Igreja a paciência do tempo. ( pg 27)
Fomos ensinados e muitos de nós adotamos a urgência do vencedor agora já. Aceite Jesus agora já. Consiga a graça agora, já. Deus está lhe dizendo agora, já. Somos pregadores e fiéis afobados porque os tempos urgem. Mas isto, só parta o milenaristas que acham que o mundo acabará em 2012.. São como os que achavam que acabaria a cada começo de século e apostavam que o anticristo já estava no mundo e que estávamos molhados da sua chuva! Erraram. O marketing leva a um pregação urgente. Vendem a laranja verdade como se fosse madura e quase sempre a um preço futuro!
É mais do que oportuna a mística da paciência para com a semente que tem seu tempo de germinar. O marketing agressivo de algumas igrejas não dá tempo á semente. Por isso elas se proclamam igrejas de resultados. A pergunta : – Que resultados? O tempo responde. Respondeu ao comunismo e ao nazismo implantados á força e responderá aos púlpitos apressados e apressadores do Reino de Deus.
FONTE: Padre Zezinho, SCJ

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